sexta-feira, 29 de março de 2013

Choca-de-chapéu-vermelho


Thamnophilus ruficapillus
Nomes Populares: choca-de-chapéu-vermelho               
Nome científico: Thamnophilus ruficapillus                        
 Nome em inglês: Rufous-capped Antshrike  
Fotografada em: 2013
Ouça o canto da choca-de-chapéu-vermelho

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quinta-feira, 28 de março de 2013

Arapaçu-de-cerrado

arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris). Foto: M. Eiterer

Nomes Populares: arapaçu-de-cerrado        
Nome científico: Lepidocolaptes angustirostris

Nome em inglês:  Narrow-billed Woodcreeper

Ouça o canto do arapaçu-de-cerrado

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Vocês querem bacalhau? Têm certeza?

Desculpe  leitor,  mas hoje não escrevo sobre aves. Com a  semana santa chegando não posso deixar de pensar no bacalhau e a história de sua exploração pelo homem.  Dedico essas linhas para esse peixe que fora tão abudante e hoje está a beira de um colapso.

Gadus morhua. Foto: Hans-Petter Fjeld, Wikipedia.
 'Seria o pescado exaurível, e se assim  fosse, alguma coisa  podería ser feita para evitar sua exaustão? (…) Acredito.. que a pesca do bacalhau, do arenque, da sardinha, da cavala e provavelmente de todos os grandes pescados marinhos são inexauríveis; isso é, que nada que façamos afetaria seriamente o número de peixes.'
(Thomas Huxley, 1883)
Há pelo mesnos 2 peixes conhecidos pelo nome de bacalhau. O mais nobre deles ( e também o mais caro) é o bacalhau do porto, também conhecido como bacalhau do atlântico ou “atlantic cod”. Seu nome científico é Gadus morhua. O outro é o bacalhau do Pacífico ou gadus do pacífico (Gadus macrocephalus). O bacalhau saithe (Pollachius virens), o ling (Molva molva) e o zarbo (Brosmius brosme) são peixes salgados tipo bacalhau, não propriamente bacalhau. Vamos conhecer a história do Gadus morhua, o bacalhau do porto.

 Distribuição de Gadus morhua. Mapa: Wikipedia
O Gadus morhua  é um peixe que vive nas águas frias do  Atlântico Norte.  Sua distribuição estende-se  do Golfo da Biscaia,  ao Mar Báltico, Mar de Barents, ao redor da Islândia, ao longo do sul da Groenlândia, Terra Nova (Canadá) até Carolina do Norte (E.U.A). O bacalhau prefere temperaturas de 2-8°C, mas podem ser encontrados em temperaturas de até 20°C. A profundidade varia de 1-600 m. São peixes dermensais, isto é, vivem sobre ou perto do fundo do mar. O bacalhau adulto é carnívoro e se alimenta de uma grande variedade de peixes e invertebrados.

O período de reprodução depende da área geográfica. A temperatura da água é um fator importante na reprodução, ovos e alevinos são muito sensíveis ao frio e podem morrer. Uma fêmea de bacalhau pode colocar 500 mil ovos por kg de seu peso. Uma fêmea com 3 anos e pesando 500 g pode colocar 250 mil ovos, com oito anos e pesando 5 kg  2,5 milhões de ovos, o recorde foi de 9 milhões de ovos produzido por uma fêmea com 34 kg. Os ovos são lançados na água para serem fecundados. Os ovos e alevinos não recebem cuidados dos pais. Os ovos são transparentes e medem cerca de 1,5 mm de diâmetro. Eles flutuam na água por 10-20 dias. Depois que os ovos eclodem os alevinos alimentam-se do saco vitelínico por 1-2 semanas. A fase de alevino dura  3 meses  e são pelágicos, isto é, vivem na superfície. Um local perigoso para jovens peixes. A maioria irá morrer nos 3 primeiros meses. De cada 1 milhão de ovos um chegará a vida adulta.  O bacalhau pode viver até 25 anos e pesar 90 kg. Com 6 ou 7 anos uma fêmea estará pronta para a primeira desova.
 
Comemos bacalhau desde a idade da Pedra (3.000 a.C.). Contudo, o bacalhau só veio a se torna importante na economia na era Viking (800 d.C.), nesse período  os noruegueses já secavam  o peixe para suas longas viagens e os  reis noruegueses cobravam impostos pelo comércio do bacalhau.  Quando o navegador italiano Giovanni Caboto ( 1450-1499) chegou à costa da América do Norte, em 1497,   ficou maravilhado com a quantidade de bacalhau. Os estoques de bacalhau de Terra Nova foram pescados por franceses, ingleses, portugueses e espanhóis. Por causa da sua fartura o bacalhau foi um peixe barato.  Até o início dos anos 60 os desembarques de bacalhau em todo o Atlântico ocilaram entre 2,5-3 milhões de toneladas, com um pico em 69 de 4 milhões, entretanto em 75 foram 1,8 milhões, em 1992  0,8 milhões e em 2000 a pesca do bacalhau estava abaixo de 0,8 milhões de toneladas.

Foi no Canadá que surgiram os primeiros sinais do esgotamento dos estoques do bacalhau. Até 1960  foram pescados cerca de 300 mil toneladas de bacalhau. A pesca tornou-se mais sofisticada com uso de sonares e arrastões. Em 1968 foram pescados 800 mil toneladas de bacalhau nessa região. Depois disso houve um declínio. Em 1991 só foi alcançada 70% da cota fixada em 185 mil toneladas. No ano seguinte, as zonas de pesca do bacalhau foram fechadas, milhares de trabalhadores ligados a pesca do bacalhau ficaram sem trabalho.  Em 1994, os estoque reduziram ainda mais. Em 2006 a pesca do bacalhau foi reaberta e limitada a 2.700 toneladas. Mas, o problema se estende além da costa canadense, os estoques de bacalhau (Gadus morhua) estão a beira do colapso. O Bacalhau aparece como espécie “vulnerável” na  lista vermelha  da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Os únicos estoques com uma saúde relativa são os da Islândia e do Mar de Barents. As populações de bacalhau (Gadus morhua) não se recuperaram e talvez nunca mais venha a se recuperar. Como isso teria acontecido?
'[…] Os países  que exploram as zonas de pesca nas latitudes norte são nações ricas, industrializadas, com séculos de experiência em pesca e com excelentes cientistas dedicados ao estudo dos recursos pesqueiros. Além disso, a perda de recursos pesqueiros não é um evento recente na economia ao redor do Atlântico e do Pacifíco norte. Temos 200 anos de experiência em empurrar os estoques de peixes até a beira (ou além) da extinção.' (Stuart Pimm, 2005)
O que podemos fazer?  Eu prefiro não comer peixe. Mas, o leitor pode pressionar as peixarias e supermercados para a implementação de políticas de compra e venda de pescado sustentável. Solicite aos supermecados informações sobre os estoques e métodos de pesca dos peixes que estão vendendo.  Não devemos incentivar a pesca de peixes de estoques ameaçados ou com técnicas destrutivas. Na hora de escolher o seu peixe da semana santa pense:  Vocês querem mesmo comer  bacalhau?  
M. Eiterer

Veja mais imagens do bacalhau
Ouça o som do bacalhau





Fontes:
Atlantic cod  (Wikipédia)
Codtrace - Cod biology
Canadin Atlantic Fisheries Collapse (Greenpeace)
CUDMORE, Wynn W. The Decline of Atlantic Cod – A Case Study. 2009
Fishbase
IUCN Red List
Marinebio
PIMM, Stuart. 2005. Terras da Terra: o que sabemos sobre o nosso planeta. Planta: Londrina.
Será que ainda podemos comer bacalhau? (Greenpeace)
Sob ameaça bacalhaus amadurecem mais cedo (Jornal da Ciência)
The history of the northern cod fishery
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sábado, 16 de março de 2013

Para crianças: A fuga do trinca-ferro

Por M. Eiterer
Ele bate as asas com toda a força que pode: vupt, vupt, vupt, vupt... O coração acelerado parecia querer sair do peito: tum-tum, tum-tum, tum-tum... Quando ele acha que já está bem longe do perigo, pousa no galho de uma árvore. Está esbaforido. Os olhos arregalados. Ele nem consegue pensar direito. Que perigo tinha passado! Mas, ainda estava livre.. Mas, e os outros..., pensava o trinca-ferro, quando de repente ouve uma voz:
- Nossa! O que foi que aconteceu com você? -perguntou uma jovem avezinha pousada em outro galho, da mesma árvore. Parece que viu um gavião? O trinca-ferro leva um susto, mas ao perceber que não há perigo, responde:
- Eu vi coisa pior que um gavião - respondeu o trinca-ferro, ainda ofegante.
- Foi? O quê? - perguntou a avezinha, já amedrontada.
- Era uma rede enorme, no meio da floresta. Não dava para ver a rede e várias aves ficaram presas nela. Foi um horror. Nós nos debatíamos, tentando fugir. Mas, não adiantava. Só conseguíamos ficar ainda mais presos . Achei que era meu fim.

FIM

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Podemos salvar o trinca-ferro da extinção local?


Material educativo sobre o trinca-ferro
O comércio ilegal de animais é considerado a terceira maior atividade ilegal no mundo, atrás apenas do tráfico de armas e de drogas. É, também, a segunda maior ameaça de extinção, perdendo apenas para a perda de habitat, provocado pelo desmatamento. Estima-se que entre 38 milhões de espécimes sejam retiradas anualmente da natureza e que o comércio ilegal de animais movimente por volta de US$ 2,5 bilhões/ano. As aves são muito cobiçadas pelo comércio ilegal de animais, por sua beleza e canto. Considera-se que sejam comercializadas ilegalmente entre 4 bilhões de aves por ano. 

O trinca-ferro (Saltator similis) é cobiçado e traficado por causa de seu belo canto. A classificação quando ao estado de conservação do trinca-ferro (Saltator similis) no Brasil é pouco preocupante. Contudo, quando essa classificação é feita por regiões a situação é diferente.  Em Viçosa o estado de conservação do trinca-ferro (Saltator similis) é vulnerável. O comércio ilegal de aves está reduzindo drasticamente as populações de trinca-ferro. Outras aves já foram extintas em Viçosa por causa do comércio ilegal como o azulão (Cyanoloxia brissonii) e o curió (Sporophila angolensis). Nós não queremos que o mesmo aconteça com o trinca-ferro (Saltator similis). 

Podemos salvar o trinca-ferro de uma extinção local? Somente através da fiscalização e de denúncias, como também, da educação poderemos reverter esse quadro e impedir a extinção local do trinca-ferro (Saltator similis), em Viçosa. Para fazer denúncias ligue para a Polícia de Meio Ambiente, em Viçosa  o telefone é: 3899-2668. Mas, lembre-se o trinca-ferro pode ser criado em cativeiro, através de licença junto ao órgão responsável. Portanto, existem aves que são criadas em gaiolas legalmente.

Por fim, através da divulgação do problema, talvez,  sensibilizemos aquelas pessoas que insistem em manter aves nativas ilegalmente engaioladas.  E, da educação podemos fazer com que nossas crianças conheçam as espécies nativas e os problemas para sua conservação. Assim, esperamos que  elas cresçam com uma consciência conservacionista e atuem de forma mais eficaz em defesa de nossa fauna e flora, em um futuro próximo. Não sei se vamos mudar o fim dessa história que tem tudo para ser trágica, mas estamos tentando escrever um final feliz.


Desenho de Murilo Cunha, 9 anos, de Juiz de fora - MG.

Obs: Nós disponibilizamos uma atividade para colorir sobre o trinca-ferro, acompanha um guia para pais e professores. Você pode solicitar esse arquivo através do email: avesdevicosa@hotmail.com.


FONTES
DESTRO, Guilherme Fernando Gomes; PIMENTEL, Tatiana Lucena; SABAINI, Raquel Monti; BORGES, Roberto Cabral; BARRETO, Raquel.. 2012. Efforts to Combat Wild Animals Trafficking in Brazil. Disponível em: http://cdn.intechopen.com/pdfs/38670/InTech-Efforts_to_combat_wild_animals_trafficking_in_brazil.pdf. Acesso em: 6/03/2013.

RIBEIRO, Leonardo Barros &  SILVA, Melissa Gogliath. 2007. O comércio ilegal põe em risco a diversidade das aves no Brasil. Ciência e Cultura. 59: 4-5. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v59n4/a02v59n4.pdf. Acesso em: 6/03/2013.

RIBON, Romulo; SIMON, José Eduardo; MATTOS, Geraldo Theodoro de. 2003. Bird extinctions in Atlantic forest fragments of the Viçosa region, Southeastern Brazil. Conservation Biology 17:1827-1839.
  A autora
Marinês Eiterer Marinês Eiterer tem uma profissão muito legal, é bióloga. Ela adora observar aves. E, incentiva todo mundo a observar também. Gosta de escrever sobre aves, principalmente para crianças.

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segunda-feira, 4 de março de 2013

Alimentando beija-flores

Alimentador para beija-flor. Beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris albicollis) em primeiro plano. Foto:M.Eiterer Existem muitas formas de atrair aves para o seu jardim. Usar alimentadores é  apenas uma delas. Alimentadores podem nos proporciona oportunidades maravilhosas de ver uma ave bem de perto. Além de ser uma forma de aproximar crianças e jovens da avifauna local. Eles também podem ser bons para as aves, se usados com responsabilidade e da maneira correta. Alimentadores requerem gastos e tempo. Então, pense nisso antes de começar.  Pendurar um alimentador significa assumir responsabilidades para o bem-estar de animais nativos. Se você não está preparado para seguir a rotina de manutenção de um alimentador considere outras alternativas para atrair aves para perto de sua casa. O alimentador mais conhecido é o de beija-flores. Por isso, nesse primeiro texto começo por ele.

Beija-flores são 90 % nectarívoros e 10 %insetívoros. Por causa do seu metabolismo alto os beija-flores procuram insistentemente uma fonte de energia, as flores nectaríferas. Um jardim com flores tubulosas e vermelhas irá atrair beija-flores. Mas, podemos usar os alimentadores para beija-flor se o jardim ainda está sem plantas, ou se queremos dar uma fonte extra de alimento para os beija-flores. 


O que devemos colocar nos alimentadores para beija-flor?Use apenas água com açúcar a 20%, nada mais do que isso. Porque? O néctar é primariamente uma solução energética, composta de água e açúcares (sacarose, frutose, glicose). Néctar é o nome da solução açucarada produzida pelas plantas no interior de uma estrutura secretora chamada nectário.Mas não é só isso: trata-se de uma solução energética devidamente temperada... A proporção dos diferentes tipos de açúcar, a concentração de cada um deles e a quantidade total de néctar são algumas das características que variam de acordo com a espécie de planta. E é em parte graças a essa variação que flores de plantas diferentes tendem a atrair conjuntos mais ou menos distintos de polinizadores. Então, não use nada mais além de água com açúcar  Não use mel, nem açúcar mascavo, nem açúcar refinado e muito menos suco de frutas. Use somente açúcar cristal e água. Devemos lembrar que a solução de água e açúcar é um bom veículo para disseminação de bactérias e fungos que podem ser nocivos para as aves. Por isso, a limpeza e troca diária são vitais.


A limpeza e troca dos alimento e muito importante. Alimentadores de beija-flores devem ser limpos e a água trocada todos os dias, pois a solução não deve fermentar e não devem gerar bactérias ou outros micro-organismos que podem prejudicar os beija-flores. Lave os alimentadores todos os dias com uma escova e água corrente. Não use detergente, sabão ou outro produto de limpeza. Uma vez por semana use água quente para uma limpeza mais profunda. Para evitar formigas prefira alimentadores com fosso. Não use inseticidas ou qualquer produto químico. Abelhas são atraídas pelo amarelo, a simples remoção das partes amarelas pode ajudar a evitar as abelhas. Li uma recomendação para esfregar alho. Talvez funcione, pois beija-flores não sentem cheiro, mas as abelhas sentem.


Por fim, o simples fato de você colocar um alimentador pode não atrair a quantidade de beija-flores que você esperava. Porque? O seu jardim talvez não seja um habitat adequado para os beija-flores. Cultive um jardim com flores tubulosas de preferência vermelhas, coloque arbustos que podem funcionar como poleiros e alguma fonte de água. E lembre-se, dependendo de onde está localizado seu jardim seu alimentador poderá atrair os mais inesperados visitantes.


Visitante de bebedouro de beija-flor. Sagui-de-car- branca (Callithrix geoffroy).iFoto: M. eiterer

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